A Dama de Vermelho .

O corpo remexia sozinho. Emma vestia seu vestido branco ao som de seu IPOD, ouvia I know you want me de Pitbull. Alguma coisa a deixava apreensiva. O corpo esculpido demonstrava que queria mais, queria muito mais naquela noite. Era isso! Queria se entregar à música como nunca tivera feito com ninguém antes.

Foi sozinha, pegou um táxi e parou na primeira boate que viu. O público era diverso. Existiam gays, heteros e afins. A boate era eclética e assim permaneceu ali.

Emma sabia que aquela noite não era dos garotos. Aquela noite era a noite do Pop. E logo quando resolveu curtir começou o primeiro som: Madonna - Get together.

A música entrou como um frenesi em sua mente.. O que demonstrava aquilo para ela? Alegria, êxtase? Ela não sabia, definitivamente. A música sempre fora sua grande aliada em tudo. Quando queria relembrar de momentos bons, momentos tristes..

E o dj mudava sempre as músicas: Meet me half way de Black Eyed Peas, 3 de Britney Spears, Love Games de Lady gaga eram alguns dos sons que embalavam aquela boate da Zona Sul do Rio de Janeiro.

De repente ficou tudo escuro, a menina de somente 18 anos buscava a luz e não a encontrava. Sentia seu corpo fraco, derramado na escuridão. Só pensava no que poderia ter acontecido. Enquanto isso, uma aglomeração de pessoas a rodeava. Ela tentava falar, e a voz não saía, tentava se mover e mais uma vez a tentativa foi frustrada.

Não entendia o motivo daquilo tudo. Há alguns minutos atrás estava dançando adoidada na pista de dança. Quando olhou para seu vestido branco notou uma diferença, não estava só branco mas também vermelho. OH NÃO! Pensara. O que aconteceu comigo? Alguém me ajuda? Por favor, me tirem daqui! De repente as luzes se acenderam e os rostos começaram a ficar um pouco mais bifurcados. E aí um garoto começou a gritar: tem uma garota ferida aqui! Alguém chama uma ambulância!!!

Pronto, Emma havia entendido tudo. Fora baleada naquela noite. Na noite em que não havia nada de garotos, nada de amigos, nada de ninguém, apenas sua preferida, a música.

Os olhos marejados já não enxergavam mais nada. Ela sabia, estava na hora.

E, infelizmente, não pode mais fazer nada. Ela só queria se declarar e dizer I just can't stop loving you, music.

Gostaria de dedicar esse texto à música, sim, a música que me embala - o pop music e a todos os familiares que já perderam seus filhos através de balas perdidas no Rio de Janeiro. É dura a nossa realidade, não?

Força!